Em maio de 2021, soubemos da construção da estátua do Cristo Protetor, em Encantado-RS. Com seus 43m de altura e com 36m mão a mão, será a MAIOR estátua de Cristo do Brasil e a 3ª MAIOR do MUNDO!
O processo de construção é relativamente similar ao do Cristo Redentor. As diferenças aparecem nas dificuldades principalmente de acesso e pelo período distinto das obras.
A de Encantado, com vista pro Vale do Taquari, é composta por uma torre principal com 4 pilares interligados por vigas horizontais em concreto armado. Esses são envoltos por uma base com mais 10 pilares, também em concreto armado, para resistir às cargas de vento.
No início aparenta ser apenas uma torre simples.
Apenas quando a estrutura treliçada metálica que sustenta os braços foi colocada, dando forma à torre, que as notícias da obra, que teve início em 2019 e será entregue este ano, se espalharam.
Essa junção entre estruturas metálicas e em concreto armado facilitou muito tanto a concepção do projeto quanto a própria execução em relação à sua irmã carioca.
A obra do RJ, localizada no topo do Corcovado (conjunto de montanhas da Floresta da Tijuca), começou a ser construída em 1926 e teve sua conclusão em 1931, chegou a ser chamada de “obra abençoada” por nenhum operário ter perdido a vida durante a construção.
Os operários corriam vários riscos. Altitude, local de difícil acesso, etc. Mas o principal era o vento: fortes ventos derrubavam constantemente os andaimes de sustentação dos braços como se fossem gravetos.
A estátua com os braços abertos era mais larga que o topo da montanha, não havendo assim suporte vertical para andaimes até o final das mãos. Os andaimes seguiam da base na diagonal e só depois seguiam na vertical.
Após um tempo, foram montados andaimes metálicos.
Foi concebida 100% em concreto armado, na época uma novidade. Foi muito criticada pela escolha de material. A preferência na época para grandes edificações era estruturas metálicas.
Sua estrutura possui 4 pilares interligados por vigas horizontais e diagonais.
Enquanto a de Encantado utiliza uma estrutura treliçada metálica para suspender os braços, fazendo essa estrutura mista entre metal e concreto armado, a do Rio utiliza vigas em concreto armado interligadas por vigas diagonais.
Os maiores desafios eram a excentricidade gerada pela cabeça inclinada, os braços abertos e receber ventos fortes a 700m do nível do mar. E realizar tudo isso na década de 20 com um material até então pouco visto é realmente surpreendente.
Para resistir aos fortes ventos do topo do Corcovado, foi desenvolvida a pioneira treliça espacial: interligação entre os 4 pilares formada por vigas diagonais e horizontais.
A estrutura está preparada para resistir a incríveis ventos de 250km/h.
Foi a primeira estátua neste formato: como se estivesse olhando e abraçando a cidade. Inspirada nas torres que haviam no mesmo local. Primeiramente a ideia era um Cristo com uma cruz em uma mão e o mundo em outra, mas a vista para quem estivesse na cidade não ficaria tão clara.
Sua altura, 38m, foi planejada para que pudesse ser vista de qualquer local da cidade. Ficou definida em 1/10 da altura da principal montanha do conjunto. Seus braços possuem comprimento de 28m.
Dom Pedro I e Dom Pedro II, fascinados pelo Corcovado, acabaram por ajudar indiretamente a construção do Cristo Redentor. O primeiro era um grande admirador da geografia do lugar, organizando inclusive a primeira expedição ao topo da montanha.
Seu filho manteve o fascínio e construiu uma linha férrea que chegava até o topo do Corcovado. Esta linha teve fundamental importância para a construção do Cristo, já que foi ela que viabilizou, 40 anos mais tarde, a entrega de todo o material utilizado na obra.
O revestimento do Cristo Redentor foi realizado em pedras sabão triangulares de aproximadamente 3cm. Isso ajudava a manter o molde feito em concreto armado. Já o Cristo Protetor está sendo esculpido diretamente no concreto, com auxílio de argamassa leve.
A obra carioca custou, nos dias de hoje, algo próximo dos 5mi de reais. Já a encantadense foi orçada em 2mi. Parte dessa economia veio da utilização mista de estruturas, possível graças a um projetista eficiente e à tecnologia disponível na atualidade.